Mesmo em meio à comemoração do Bicentenário da Imigração Alemão no Brasil, no Tá na Mesa, da FEDERASUL, a reconstrução do RS foi assunto entre os convidados da entidade. Nesta quarta (24), o evento recebeu o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, o cônsul-geral da Alemanha Marc Bogdahn, e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, Cleomar Prunzel. Além de ressaltarem os traços de resiliência, organização e energia que ajudaram o RS na sua colonização, lembraram que essas mesmas características são necessárias hoje para a reconstrução.
O evento foi conduzido pelo presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, que ressaltou o papel crucial do setor empresarial na construção de pontes entre as duas nações e destacou as características do povo germânico. “Disciplina, determinação, capacidade de superação, mas principalmente no senso do comunitário. No zelo, no capricho pelo o que é público”, afirmou.
Sousa Costa acredita que essas características explicam o desenvolvimento do país europeu e coincidem com os valores que a entidade preza. “As regiões prósperas são marcadas pelas características de associativismo e empreendedorismo” afirmou.
Harmonia e união
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter afirmou que, neste momento de retomada do estado, ainda não há uma “visão clara da totalidade das dimensões da catástrofe”. “É necessário uma harmonia e união, uma mobilização maior (entre diferentes setores, como governos, empresários e sociedade). É um trabalho de anos.”, explica Gerdau.
Ele também defendeu que o governo federal disponibilize “uma ajuda maior” para a retomada do RS, concentrando esforços na reconstrução habitacional e da infraestrutura afetada. Gerdau defendeu que medidas semelhantes às da pandemia sejam implementadas, como a injeção de valores da União.
De acordo com Gerdau, o RS merece mais do que vem recebendo do governo federal, tendo em vista que, segundo ele, apenas 30% dos tributos arrecadados no estado voltam para o povo gaúcho. “O RS deveria receber equivalente ao que já contribuiu para o desenvolvimento do Brasil. Não tem cabimento”, afirmou.
Lembrou da herança das características dos imigrantes alemães que trouxeram benefícios para o RS, como experiência financeira e em gestão de negócios, além de educação e cultura de trabalho.
Case de sucesso
Já Cleomar Prunzel, da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, reforçou a importância de fortalecer os laços comerciais para fomentar o desenvolvimento econômico mútuo. Segundo números apresentados por ele, a Alemanha é o maior parceiro comercial do Brasil na Europa, com R$ 25 bilhões de corrente comercial.
Ele também ressaltou os cases de sucesso do empresariado teuto-brasileiro e gaúcho, como as Lojas Renner, a Stihl, a Fruki, e a própria Gerdau. “Em todo o Brasil, são 1,4 mil empresas alemãs, com mais de 250 mil colaboradores diretos, sendo responsável por 10% do PIB industrial do país”, explicou.
Mas a próspera relação entre os dois países também está presente no momento de reconstrução do RS. Segundo ele, “a Câmara está tentando articular linhas de créditos junto a Brasília”, afirmou.
Relações
O cônsul-geral da Alemanha Marc Bogdahn falou sobre as relações econômicas entre o RS e a Alemanha. Ele lembrou do sucesso da comitiva do governo do Estado durante a Feira de Stuttgart, que teve como resultado o anúncio do investimento da empresa Norbex, que passará a produzir turbinas de energia eólica. “O Rio Grande do Sul tem um potencial enorme de energia renovável. Para nós alemães, que somos tão dependentes de energia, é um aspecto muito importante”, explicou Bogdahn.
Ele também também falou da importância das relações culturais e acadêmicas, por meio de acordos de colaboração . “Seja a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Pelotas, (UFPel), a PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do RS) e a Unisinos, muitas outras. Isso é fortíssimo há muitas décadas”